quarta-feira, 4 de março de 2009

CIRCO BRASIL

Há alguns anos o saudoso gênio Dias Gomes escreveu a novela Bem Amado, em pleno jugo militar, arriscando tudo, a cada capítulo, mas com invulgar habilidade, a ponto de driblar a "esperteza" verde.
A trama expunha os modismos de Sucupira, um lugarejo espelhado nos tropeços da política.
O prefeito da fictícia cidade, Odorico Paraguassu - vivido por Paulo Gracindo, arquitetou o arrojado projeto de inaugurar o cemitério do município, girando tudo à volta da pantomima promocional.
Mas não nos surpreendamos, porque agora, passadas mais de 3 décadas, eis que surge um prefeito - Roberto Pereira da Silva - que cria uma lei no mínimo idiota, num claro desafio à inteligência até mesmo dos analfabetos, ou melhor, dos desprovidos de alfabetização, para ser politicamente correto.
O absurdo tem sede na cidade paulista de Biritiba-Mirim, cerca de 80 km da capital e 29 mil habitantes mortais, ou imortais, a partir da lei.
Para Odorico Paraguassu o problema era a falta de defunto, enquanto para o jocoso tucano Roberto Pereira da Silva parece acontecer o contrário.
Nome do projeto: "Fica proibido morrer em Biritiba-Mirim"! No parágrafo único estabelece que "os infratores responderão pelos seus atos". E determina que os habitantes estão obrigados a "cuidar da saúde para não falecer".
A ardiloso mandatário biritibense tirou do sono a corroída burocracia, pois o CONAMA - sempre cataléptico, despertou, tratando de analisar imediatamente "medidas emergenciais" para a cidade sepultar seus mortos.
Provocação ou não daquele prefeito, convenhamos, brincadeira tem hora, assim como a ficção.

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