Diário do louco...

"Já era noite e o sol iluminava as trevas de um belo dia claro e chuvoso.

Um mudo, sentado numa pedra de madeira, calado dizia: prefiro muito mais morrer do que perder a vida.

Longe dali, bem próximo, num bosque sem árvores, os pássaros pastavam alegremente tristes e as vacas voavam de galho em galho procurando seus ninhos, enquanto os elefantes descansavam na sombra ensolarada de um pé de alface.

No mesmo instante, muito mais tarde, um cego dizia: ah, olha só o que vejo, mais um aleijado correndo atrás de um cavalo parado.

Em seguida, horas e horas depois, subi em minhas costas e saí correndo vagarosamente pelas ondas retas do deserto frio e úmido, até chegar na minha casa. Entrei pela porta da frente que ficava nos fundos, deitei meu paletó na cama e me pendurei no cabide, onde dormi um sono suavemente abalado.

Sonhando que estava acordado acordei pra ver se estava dormindo.

Bem cedo, quando já era tarde, levantei-me lentamente rápido, indo para o banheiro, onde servi o almoço. Sem comer nada senti um gosto estranho na comida, percebendo que comi o guardanapo e limpei a boca com o bife.

Fui até a janela, que ficava na porta, para pegar o jornal que veio sozinho. Estava escrito sem letras e de cabeça para baixo: os quatro profetas do apocalipse são três: Jacó e Jeremias.

E para não perder o costume, fui até a janela, cuspi, voltei, me atirei na cama e ri, ri muito...

Fui novamente até a janela, cuspi, voltei, me atirei na cama e ri, ri muito...

Repeti...

Mas agora acho que me enganei, cuspi na cama e me atirei pela janeeeeeeeeeeeeeeee....".