sábado, 6 de novembro de 2010

O que se vê, ouve e lê no dia a dia... Episódio de hoje: a fila.

Nas filas acontecem coisas que até Ele duvida...

Nas de supermercado, então, nem se fala.

Noutro dia aguardava a minha vez e como estava somente com três ou quatro compras, vi que na esteira do caixa havia três quartos de espaço sobrando. Portanto, em nada atrapalharia eu colocar os itens ali, à espera da liberação da cliente preferencial.

No entanto, eis o inusitado. A bela senhora, aparentemente septuagenária, com a ajuda dos seus dois pulmões e me olhando de cima abaixo, gritou enfurecida, "o senhor aguarde a sua vez", como se deixar as compras naquele latifundiário espaço criaria algum problema à distinta madame. A propósito, toda pintada e cheia de jóias e penduricalhos, parecendo mais um adorno natalino ou um outdoor de tintas...

Mas ela não perdeu por esperar... Dia seguinte voltei ao mercado, comprei uns quatro ou cinco produtos e fui ao caixa. Olho pra trás e quem vejo? A ilustre madame com dois carrinhos lotados... Sem vacilar, olhei bem pra ela e disse "a senhora, por favor, passe na minha frente".

Estática ou pseudo constrangida ela retrucou dizendo "mas o senhor tem só isto...". Eu insisti, "imagina, passe à frente". Neste momento a distina madona teve um lampejo na memória, provavelmente com o auxílio de medicação, saindo-se com esta: "pois é, o senhor sabe que ontem, pois é, ontem, quer dizer, aliás, ontem...".

Olhei fixamente os olhos dela e disse educadamente "fique tranquila, a senhora deve estar me confundindo com alguém, não lembro de lhe conhecer ou já ter lhe visto aqui ou em qualquer lugar...".

Apesar de tudo, ela não se conteve e aceitou passar na frente... hehehehe...

Mas a lição - ou tapa de luva - foi bem aplicada e deve ter batido, porque naquele comércio ela não apareceu mais, segundo os funcionários, vítimas dos maus tratos da anciã.

Minha saudosa mãe diria, "sobrecarga de jóias e maquiagem e péssima educação".

Boa a história?

terça-feira, 2 de novembro de 2010

O que se vê, ouve e lê no dia a dia... Episódio de hoje: as laranjas do céu.

Bah... quanta poeira, teias e mofo por aqui. Hehehe...
Pra começar a limpeza, a ideia é trazer coisas pitorescas do cotidiano, como sugere o título. Assim, mãos à obra.

AS LARANJAS DO CÉU

Abri a porta e olhei para o bucólico pátio, arranjado em patamares, rico em verde e inacessível pelas divisas. Na dos fundos ergue-se um edifício em ritmo acelerado.

Observando melhor, vi que no topo da escadaria havia dois ilustres desconhecidos servindo-se de laranjas do céu.

Não vacilei, fui ao encontro da atrevida dupla, a qual, distraída com a "farta colheita", não me viu num primeiro momento.

Quando perceberam a minha presença, claro que foi aquele susto. Vi tratar-se de "altos funcionários" da construção, bem como a ferramenta utilizada para acessar e fazer a visitinha: uma escada do patrão...

Indagados sobre a invasão, a resposta já estava na ponta da língua. "o dispoblema é u siguinti, a gente estemos aqui puquê o contlamesti dexô, daí u sinhori si intendi cuele...".

A que ponto chegamos!

Permiti levarem os dois baldes quase cheios com o produto da "colheita", em meio a um cômico e exemplar corridão.

Inibidos por não me convencerem a "negociar com o contramestre", tiveram embaraço para voltar às origens levando as "embalagens" e a enorme ferramenta de acesso: a escada!

Boa a história?